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Música é uma forte aliada no tratamento de doenças mentais, dizem especialistas


A música, além de ser um bom instrumento terapêutico para aliviar cansaços e tensões do dia, é uma forte aliada no tratamento de déficits cognitivos e distúrbios mentais. Um estudo do Centro de Pesquisas sobre o Cérebro da Universidade de Helsinki, na Finlândia, mostra que esta arte traz muitos benefícios para os casos de autismo, esquizofrenia, demência e acidentes vasculares cerebrais. O uso desta técnica acelera a recuperação dos pacientes, como atesta a Viviane Fontes, fonoaudióloga e coordenadora do projeto Cantando a Felicidade, que realiza, desde 2007, no Centro de Reabilitação Motora Castelo Viana, um trabalho de recuperação motora de pacientes que tiveram acidente vascular cerebral.

-Um trabalho pós-derrame, mesmo que iniciado logo depois de receber alta do hospital, demanda tempo para recuperação; com esse tipo de trabalho, o paciente leva aproximadamente três meses para mostrar melhora e já consegue se comunicar com a família - diz Viviane

A música estimula a parte neurológica do paciente (Sônia Maria Villela Bueno)

A paciente Nadir Correa de Oliveira, de 68 anos, sofre de afasia, um tipo de lesão neurológica que compromete a fala. Fã de Tim Maia e Roberto Carlos, ela está no projeto Cantando a Felicidade há três meses e recuperou neste tempo a capacidade de se comunicar através de dinâmicas musicais que incluem karaokê e músicas antigas para resgatar a memória.

- Eu não conseguia falar , hoje já falo. Ainda é pouca coisa, mas falo. Em casa, eu já consigo atender o telefone e conversar com os vizinhos. Falta mais um pouquinho para ficar maravilhoso - diz Nadir.

As lesões neurológicas comprometem as habilidades motoras quando atingem o hemisfério esquerdo do cérebro, parte responsável pelos movimentos e pela fala. De acordo com a musicoterapeuta Bianca Bruno Bárbara, do Hospital Philippe Pinel, o lado direito, que trabalha a musicalidade, quando estimulado, ajuda na recuperação da fala.

- Há pacientes que, mesmo sem conseguir falar, possuem habilidade para cantar. O processamento da linguagem acontece no lado esquerdo do cérebro. O direito, responsável pelo lado artístico, através da música, estimula novas sinapses no lado esquerdo - conta Bianca

A música é uma forma de facilitar a expressão oral e recuperar a memória de longo prazo. Todas os gêneros são bem - vindos no tratamento de doenças cerebrais , desde o clássico até o sertanejo. No entanto, o repertório melódico deve ser escolhido de acordo com o perfil de cada paciente, como mostra Sônia Maria Villela Bueno, professora do departamento de enfermagem psiquiátrica da USP .

- A música cria uma condição extremamente favorável para o tratamento de doenças cerebrais, pois ela estimula a parte neurológica do paciente. Há pesquisas que mostram que as composições de Mozart melhoram o aspecto cognitivo, ajudando as pessoas a raciocinarem melhor. Esse tipo de tratamento também beneficia pessoas que sofrem de melancolia, angústia, estresse e hiperatividade. Mas para que a música faça um melhor efeito, é necessário conhecer o perfil de cada paciente para saber qual o tipo de estimulo sonoro que melhor estabelece relação com ele - alerta Sônia.

Os pacientes, com o estímulo musical, criam uma melhor expectativa de vida, se sentem motivados e produtivos (Vandré Vidal).

As músicas também podem ser usadas para auxiliar no tratamento de transtornos mentais. O projeto de musicoterapia Cancioneiros do IPUB, do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, trabalha há 12 anos com pacientes que sofrem de esquizofrenia, transtorno bipolar, dependência química, entre outras patologias. De acordo com o musicoterapeuta e coordenador do projeto Vandré Vidal, as práticas musicais promovem uma melhor integração do paciente com os tratamentos psiquiátricos.

- Os pacientes, com o estímulo musical, criam uma melhor expectativa de vida, se sentem motivados e produtivos. Eles são estimulados a criar canções. No início, eles apresentam músicas que refletem suas crises. Eles falam sobre seus rompantes afetivos, sobre a própria doença. Com o tempo, eles mudam as temáticas. A música faz com que eles entrem numa catarse. E é depois disso que eles começam a se adaptar mais ao tratamento - revela Vidal.

A música também melhora o humor e deixa os pacientes mais otimistas, menos deprimidos. Os benefícios da música em casos de ansiedade, depressão e dor são bem documentados, e há estudos que sugerem efeitos positivos em relação à esquizofrenia, à demência e ao autismo. Já as pesquisas de tratamento com doenças cognitivas são mais recentes. De qualquer forma, seja qual for o tipo de deficiência, é importante que as músicas tenham letra para poder estimular a memória, o raciocínio e ainda despertar a criatividade do paciente.

link para a matéria original : https://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/musica-uma-forte-aliada-no-tratamento-de-doencas-mentais-dizem-especialistas-508444.html

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